sexta-feira, 17 de junho de 2011

Apreciação da obra de arte: a proposta triangular de Ana Mae Barbosa

Tendo como preocupação o modo como se aprende arte (relação entre o fazer artístico, a leitura deste fazer e sua inserção no tempo), a partir de 1982 foi sistematizada uma proposta inglesa e norte-americana (concebida na década de 60), posteriormente vinculada ao Getty Center for Education in the Arts.Até então a arte-educação valorizava quase exclusivamente o desenvolvimento da auto-expressão, da criatividade e da autodescoberta. A criação e a imaginação estão presentes em todas as áreas do conhecimento, não sendo, assim, um objetivo exclusivo de Artes.A arte necessita ser considerada um corpo organizado de conhecimentos que exige o mesmo tipo de substância e de rigor intelectual esperados das ciências exatas e humanísticas.
Para passar a ocupar um lugar mais central num currículo escolar equilibrado, a disciplina Artes necessita de conteúdo próprio e substancial. Com a finalidade de elevar o seu nível de ensino, elaborou-se uma proposta denominada Discipline-Based Art Education (DBAE).Na construção de conhecimentos em arte, o DBAE valoriza não só a produção artística, mas também as informações culturais e históricas, bem como a análise das obras. Esse modo de ensinar arte baseia-se em senti-la, compreendê-la na sua dimensão histórica, apreciá-la esteticamente, analisá-la e refletir sobre ela com espírito crítico, o que requer as quatro instâncias do conhecimento: a produção, a crítica, a estética e a história da arte. Aqui no Brasil, a professora Ana Mae Barbosa adaptou a teoria DBAE ao nosso contexto, denominando-a Proposta Triangular por envolver três vertentes: o fazer artístico, a leitura da imagem (obra de arte) e a história da arte. Diz Ana Mae (1991, p. 10): "O que a arte na escola principalmente pretende é formar o conhecedor, fruidor e decodificador da obra de arte (...). A escola seria a instituição pública que pode tornar o acesso à arte possível para a vasta maioria dos estudantes em nossa nação (...)".
No Brasil, nosso maior problema é a alfabetização, isto é, há a necessidade urgente de se enfatizar a leitura de palavras, gestos, ações, imagens, prioridades, desejos, expectativas. Como explicita ainda Ana Mae (1995, p. 63, grifos nossos): "Num país onde os políticos ganham eleições através da televisão, a alfabetização pela leitura da imagem é fundamental, e a leitura da imagem artística, humanizadora".
Link do Artigo sobre a proposta triangular:

 

Stern, Julieta. O mago e seus discípulos. 1994.
A obra acima foi o tema central de uma roda de conversa e, a partir daí as crianças foram encorajadas a produzir sua própria arte. Para isso disponibilizamos novas superfícies, como pratos de papelão e, também materiais alternativos como fios de lã e barbante.



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